É difícil compreender o significado de
algo quando estamos inseridos no seu processo de desenvolvimento. Com a mesma
candura que as pessoas das cidades horizontais perceberam a verticalização, eu
percebi a internet. A princípio era tudo um fluxo natural da regra
causa-efeito.
Sem perceber vivi a internet como se ela tivesse alcançado seu máximo grau de sofisticação, também vivi a artificialidade dos prédios de cento e cinquenta
andares que já preenchiam minha cidade. Jamais poderia entender aquela situação
como o começo sem ter antes vivenciado isso aqui. Hoje a internet é muito mais wide.
Ela está invadindo todas as matérias, ela é o próprio vírus; e ainda mais: é
consciente!
Ela é muito menos virtual do que
física. Sua virtualidade, apesar de real, é apenas um aparato para nos manter
longe de seu alcance. O mundo da internet não é saudável, cara, é corrosivo.
Uma vez online, ela toma conta, convence-o até mesmo de permiti-la instalar-se
no seu corpo. Entendo aqueles que foram cooptados, pois é realmente intenso,
mas o problema é que já se nasce online! Já viu onde isso vai dar, né? É isso
que ela quer, quanto mais atividades online mais viva e forte a internet fica.
Tempos atrás a internet corria no meu
sangue, agora minha sina é manter-me offline.